Toda Calçada Será Palco (Jaraguá)

"Todo piso será palco, Toda parede mural, E a cidade inteira POESIA"
(Autor Desconhecido)



     Pela primeira vez realizamos o nosso encontro, do começo ao fim, em um espaço aberto. Cores, interferências e medo. Nos encontramos no bairro do Jaraguá (Maceió-AL), um bairro histórico e com uma arquitetura poética, mas infelizmente com altos índices de assaltos. Decidimos transformar este lugar em poesia. Com nossos corpos indefesos não demos "um tiro no escuro" mas sim "um braço aberto no mais claro". 
       


 Jaraguá se tornou aos poucos um centro comercial de grande importância, sendo ocupados por bonitos sobrados, a partir da segunda metade do século passado. A arquitetura da época foi sendo aos poucos modificada. Nos encontramos ao lado do imponente prédio da Associação Comercial de Maceió, em estilo greco-romano, foi construído pela firma Francisco Lopes de Assis Silva e Cia., a mesma que edificou o Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro. As escadarias em mármores e as luminárias proporcionam um bonito visual, aliado ainda à arquitetura do prédio (fonte: http://www.bairrosdemaceio.net).

      Primeiro a chegada dos Lispector em Maceió, depois a nossa:









"Três anos depois da chegada dos Lispector, em 1925, a capital de Alagoas não contava com mais do que sete cafés, seis hotéis e três cinemas. Não aconteceria muita coisa ali, nem jamais acontecera. [...] Seja como for, depois de tudo o que a família tinha sofrido, Maceió, com suas praças coloniais cobertas de coqueiros e tamarindos, com seu mar azul salpicado de jangadas, com certeza deve ter parecido atraente (Benjamin Moser)"

     Nesta nova fase de nossas pesquisa, quando resolvemos experimentar um espaço diferente, e onde nos permitimos que as ruas nos tomassem, contamos com a presença da Fotografa Amanda Costa, e do Ator e estudante de Artes Cênicas Henrique Nagope. Amanda registrou nosso encontro, com seu olhar sensível transpôs o que poderia ser um simples encontro em uma outra obra artística, multicor e urbana. Enquanto isso Henrique nos observava e hora ou outra entrava no jogo do que a cidade proporcionava. 

Na foto: Henrique Nagope


Vamos Pensar Um Pouco...
(Reflexões sobre o contato com a rua)







Hoje me desprendi do pensamento e apenas senti o que nao poderia ser dito nem ouvido. As interferências de natureza as vezes densa, as vezes suave unia- nos enquanto nos afastávamos. de nós mesmos.

(Meire Benuche)







Hoje tudo que havíamos trabalhando e construindo dentro de uma sala, teve o espaço de ganhar corpo em uma nova atmosfera, onde dançamos com o som cotidiano e por estamos nesse ambiente mais próximo da peça tentamos ficar o máximo mais perto dos corpos dos personagem que desenham o enredo da Pecadora queimada e os anjos harmonioso na busca de trazer a vida aos personagem. Nesses desencontros do espaço novo e velho tudo foi se adaptando e o corpo registrando ao mesmo tempo que uma hora ou outra tinha um público ali fazendo conclusões.
(Diogo Honorato)




Quando estávamos nos mexendo na escadaria, senti uma vontade de parar e permanecer paralisada por um tempo, não sei explicar o porque. No segundo estágio, quando começamos a nos movimentar e caminhar, a sensação era de medo, limitação, uma vontade de abrir os olhos, pois não sabia quem estava perto de mim, e se eu estava invadindo o espaço de alguém. Os sons: uma mistura de caos e calmaria. Caos: o barulho dos carros, sirenes e acho que de uma máquina, ou gerador. Calmaria: o vento, o mar e o ar livre. Consegui relembrar as partituras anteriores com muita facilidade. O que mais me marcou, foi quando fomos pra perto das pessoas, tinha um rapaz fazendo junto conosco, perna, dedo, mão. O senário estava lindo ao fundo as arvores e o mar, e de alguma forma aquelas pessoas estavam interagindo conosco. Para quem estava um pouquinho triste, saí de lá com os pés doendo muito, pois faz um tempão que não ando descalça, mais bem feliz, e com mais vontade e ânimo. Palavras chave de hoje: vontade, ânimo, incentivo, feliz, paz e dedicação. Pensamento de hoje: dedicação sempre, e não deixemos as dores nos pés nos desmotivar. Rsrsrs

(Mare Gomes)




É interessante a troca de informações e energia com novos ambientes. Os encontros em espaços abertos nos possibilita uma nova visão do texto e, consequentemente, dos personagens. Hoje enquanto descobria o que havia por trás do concreto lembrei-me dos mendigos e do povo (personagem da peça), ambos tem fome, mas não é só de carne. É preocupante a dispersão e como de falta de segurança pode influenciar.
(Bruno Leon)


E é entre calçadas e avenidas que nos toparemos e faremos poesia, Caro Leitor. Um enorme abraço e até semana que vem.




Comentários

  1. fotos muito boas....adorei ver. aquela primeir foto, queé aquilo?

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    1. A primeira foto da postagem foi tirada no momento do exercício em que denominamos "Invisiveis, Nascendo, Nasci". Onde as palavras são pronunciadas em primeira estância distantes uns dos outros e na medida em os mesmos ocupam um menor espaço e se aglomeram as palavras são ditas em um tom maior, até o momento máximo dessa aglomeração e caos, que acaba com uma explosão. Retornando ao espaço mais distante possível de outros corpos. Esse jogo é inspirado em um exercício de Meyerhold (aprendido em uma oficina ministrada por Marcelo Bulgareli em Maceió-AL). Obrigado por sua visita e respaldo. Abraços.
      *As fotos foram tiradas por Amanda Costa (página no facebook: Amanda Costa Click's Inesquecíveis)

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