Bobônica em Preto e Branco

Bobônica é uma adjetivo utilizado para expressar uma surpresa ou caraterizar uma grande ação.

 Este encontro aconteceu totalmente em preto e branco, nos deixamos ser vistos por um outro olhar, outras cores, vimos que o preto e o branco não são a ausência de cores, são a presença de todas elas.





 As vezes precisamos nos rever em outras cores, porque olhar para o passado da mesma forma, é estar e permanecer em uma forma, e a forma continua não nos interessa. Estamos no processo caótico de todas as montagens, no processo de marcação, uma espécie de geometria desumana, cansa os corpos, mas sossega a mente de artistas que sonham com uma Pecadora queimada e uma obra Clariceada.


 "A maior dificuldade para mim, neste momento, é não deixar o processo cair, diferente do momento inicial da pesquisa, onde a novidade predominava, agora estamos revendo o que antes era novidade e canalizando todas as imagens e ações concebidas para a montagem de um espetáculo. Tem sido uma experiência cênica com Clarice Lispector, uso aqui a palavra cênica porque ainda não consigo encaixar o espetáculo em uma nomenclatura de dança ou de teatro. Parece que as coisas tem corrido bem, discursões construtivas, cenas esquematizadas (Anderson Vieira)”.




 Na segunda semana de dezembro levaremos para o palco um “Divertimento”, assim Clarice nomeou sua peça teatral em 1949. Uma tragédia de um ato, 1000 movimentos e incontáveis mandamentos. 10% de emoção dos ensaios, e 100% de palavras clariceadas, 50% de uma nova estética e 30% de silêncio, uma pitada de amor e alguns instrumentos...












Cada um fala, mas ninguém ouve, “estamos sozinhos com a Pecadora”. Sim, a nossa força está na solidão...


Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite (Clarice Lispector).





Nosso espetáculo está acontecendo sem Tecnicollor “para ter algum luxo por Deus, que eu também preciso. Amém, para nós todos (Clarice Lispector)”.
Bobônica... não existe palavra que melhor expresse o nosso processo, sem agressividade, pelo lado mais poético desta palavra.




EM DEZEMBRO... 


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