Adeus, Clarice! Adeus, Teatro Alagoano!

"No fundo de tudo existe um aleluia"
Clarice Lispector




Traçamos uma linda caminhada durante esses últimos anos em Maceió. Começamos com 5 e hoje estamos em mais de 40, que passaram pelo projeto, que colaboraram e também os que permanecem. Demorei muito escrever essa postagem, mas decidi deixar claro que o Claricena está chegando a um momento de finalização da etapa em Maceió.



Tem sido muito bom e ao mesmo tempo difícil, mas não existem glórias sem sacrifício. Desde o dia em que decidi trocar a nomenclatura de Projeto para Grupo Claricena, as minhas preocupações sucumbiram minha criatividade e minha forma de conseguir levar as coisas de forma leve. Existem grupos em Maceió-AL que, já possuem mais de décadas de carreira e trajetória e mesmo assim não me vejo no lugar deles. Ainda não cheguei na terceira década de idade e vejo que o trabalho de tanto tempo para ser reconhecido no estado de Alagoas não é algo para se invejar, ao menos eu não conheço exemplos que me cativem. 



O Artista Alagoano é um verdadeiro Guerreio, e eu, neste momento decido fugir da minha luta, por perceber que eu preciso atirar no escuro e me dedicar muito além do que já tenho feito, e olha que já se passaram quatro anos. Talvez seja muito pouco, mas prefiro acreditar que em outros lugares terei desafios mais construtivos e não tão frustrantes. Não estou reclamando do que já conquistamos com este projeto, mas que por muitas falhas alheias não chegaremos em outros lugares.



Apesar de colocar palavras como um pensamento geral, de um grupo, aqui quem vos escreve é apenas um, que tenta traduzir e gritar por tantos outros. 

Era apenas para realizarmos um exercício cênico no fim do ano de 2014 e conseguimos realizar a montagem de dois espetáculos, estamos caminhando para o terceiro espetáculo que, resumirá todas essas palavras confusas, de um diretor confuso, que trabalha com atores confusos... Viva a confusão! Logo após pensar em formar um grupo no estado de Alagoas, voltamos as origens e pensaremos que o que estamos realizando trata-se de um projeto, o Projeto Itinerante Claricena, Clarice Lispector posta em cena, não importa-me mais o meio, mais sim o meu objetivo. Vi que a tentativa de formar um grupo foi falha, mas que a montagem de espetáculos me inspirando em textos de Clarice Lispector é o o meu primeiro plano neste momento, e isso não cabe mais a nossa querida Alagoas. Não que o projeto seja grande demais para o nossa terra, mas somos pequenos demais para tantas lutas! 



Eu, Anderson Vieira, hoje me reconhecendo como um futuro diretor teatral, declaro que quero levar este projeto para ser abraçado por outras culturas e por outras politicas públicas, de preferência as mais justas. Se é que temos isso no Brasil! Mas prefiro errar em outro lugar do que permanecer errando no mesmo. Quando o alvo não é acertado em cheio o que temos que fazer no minimo é mudar a posição de nossa mão para depois puxar o gatilho.

Sei que comecei falando de uma coisa e já estou em outra, perdoem-me! Mas acho que eu também fui atingido pela loucura do teatro alagoano. 



Realizaremos a montagem do nosso ultimo espetáculo nesta etapa de Maceió: Adeus, Clarice! Ainda apresentaremos nossos antigos espetáculos (Espectro e Granja dos Corações Amargurados), mas estamos todos criando asas para outras aprendizagens, e o sacrifico para se tornar um grupo alagoano reconhecido, não me (nos) vale á pena! Boa sorte aos reais Guerreiros Alagoanos e em breve nos despediremos da forma mais justa e bela possível. 





O que você diria se fosse o seu último adeus ao teatro alagoano? Em breve queremos suas respostas.

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