Dá Vontade de Sorrir?

Oficialmente esta semana laçamos a data da apresentação do ultimo espetáculo do Projeto Claricena em Alagoas, talvez agora realizaremos montagens em outros estados, em outras vidas, ou ficaremos apenas na saudade, na verdade tudo é incerto quando se trata de uma despedida, de verdade mesmo, tudo é incerto na vida. Mas mesmo com a incerteza estaremos no Teatro de Arena Sérgio Cardoso sorrindo para ver nosso público amado que tem nos acompanhado nas redes sociais, bem como prestigiando o teatro através de nossas obras.
Ao vermos esta obra quase finalizada e este projeto que nos trouxe uma experiência totalmente clariceada, temos vontade de sorrir.
E você? Dá vontade de sorrir?

Foto: Woshingtom D'Anunciaçãoo
 Inspirados na saudade e na despedida do texto de Clarice Lispector, dos atores e da direção do Projeto, compomos um espetáculo sem nos desligar da realidade, transformando nossa finalização em uma obra. Ao menos era essa nossa ideia inicial. Mas como todo caminho o ponto de partida é diferente da chegada, caso contrário nem sairíamos do nosso lugar. Por isso convidamos vocês para conosco visualizar onde essa "inspiração" inicial chegou, onde a finalização de um Projeto, que se transformaria em Grupo, mas devido muita falta de incentivo cultural de órgãos privados e públicos e a ausência de uma base para sustentar financeiramente um grupo, resulta em um Jardim de flores, de várias especies, que partem em busca de água, pois estão passando por um período de seca.

Foto: Woshingtom D'Anunciação
Mas a seca que trazemos não é resumida em ausência de água, mas em falta de esperança e apoio para amar e "(en)cantar" em um local.
Mas, deixando de lado tantas frustrações, entregamos ao público esta terceira obra como agradecimento pelo prestigio e amor ao teatro!

As fotos desta postagem são reflexo de nossa experiência neste espetáculo, pois mesmo em pouco tempo já não permanecemos com esta ideia de caracterização, mesmo assim compartilharemos com vocês uns dos nossos momentos de experimento de caracterização e fotografias dos personagens. Os textos abaixo são dos atores que vem construindo, discutindo, brincando e brigando com uma dramaturgia coletiva inspirados nas abordagens de saudade, de Clarice Lispector e nas experiências anteriores com a escritora. 

Foto: Woshingtom D'Anunciação


Pelo texto de Angélica com Violeta, sinto que existiu uma relação amorosa entre as duas!
(Uma semana depois...)
O texto de Angélica e Violeta mudou. Como já imaginava, as duas são um casal. Pelo novo texto com Violeta, aparenta que Angélica é de bem com a vida e gosta de estar bem como todo mundo. Faz de tudo para manter o ambiente e clima agradáveis para todos. (Maiara Padilha)

O lírio sempre foi visto como o símbolo da pureza e é uma das flores mais antigas do mundo. Pode ser encontrado em pinturas nas paredes dos palácios da Grécia Antiga, onde era dedicado à Hera. O lírio é relacionado à Virgem Maria, em homenagem à sua pureza. Na alquimia, fabricava-se um perfume mágico a partir desta flor, que era usado para queimar no recinto onde se realizavam ritualísticas. Também existia uma crença que a flor ajudava a reconciliar os amantes: um pedaço do seu bulbo teria o poder de reaproximar os namorados que romperam as relações.
(Meire Benuche)

Violeta nasceu não de planejamento, mas sim, de uma aleatoriedade de um pássaro. Era tudo puro acaso. Este, passeava pela imensidão azul com a tal semente enroscada entre seus dedinhos descuidados. Dessa forma, a flor que nem nascera já conhecia a liberdade de um voo que não caberia mais a ela após sua ascendência a terra. A ave deixou-a cair num parque abandonado duma escola antiga, bem ao pé de um balanço branco. E foi lá que Violeta se fez. Ainda inconsistente, não sabia muito do mundo. Embora se encantasse com uma ou duas flores que reluziam suas belezas pelas redondezas. Acho que o voo que Violeta alçara antes do seu nascimento, mesmo que baixo, foi intenso demais para que culminasse ali. Não podia andar, entretanto, deleitava-se de cada alteração no espaço que o vento provocava em toda extensão de sua matéria. Sonhava com muitas aventuras e com o amor. Porém, não sei se arriscava-se o suficiente para perceber que o amor já estava cravado nela. Era confusa e beirava quase a contradição. Talvez vivesse mais da subjetividade do que a realização propriamente dita. O que arrisco dizer é que ela não gosta das constantes que fazem da vida por aí. A instabilidade lhe atrai muito. Pelo menos é o que acho. (Bruna Santos)

Foto: Woshingtom D'Anunciação

Eu sou uma espécie de flor aquática, com muitos significados para os países do Oriente, especialmente o Japão, o Egito e a Índia. Sou considerada sagrada e um dos símbolos mais antigos e mais profundos do nosso planeta. Nos ensinamentos do budismo e hinduísmo, simbolizo o nascimento divino, o crescimento espiritual e a pureza do coração e da mente. Sou um tipo de lírio d’água. A minha pureza e até mesmo minha associação à Buda ocorrem em alusão ao meu processo de germinação que surge de águas lodosas para a superfície e quando desabrocho mostro toda a minha beleza e força, abrindo minhas pétalas. Sou especial, principalmente, pela capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas. Movimento-me de um lado para o outro ao sabor suave do vento e possuo as seguintes cores: púrpura, branca, azul, vermelha, rosa e amarela. Minha cor é a amarela. (Aysllan Liberato)

Descobri que a Açucena ainda sofre por alguém que perdeu, e que é uma flor muito sozinha, apesar de esta cercada de flores em um jardim, não sente que suas irmãs as entende. Só talvez Angélica, por talvez n poder ter quem ela quer. Ela era uma flor sonhadora, mas sua vida não foi como esperava, apesar de ainda jovem, não tem muita esperança em si. Mas o amor do cravo e da rosa a lembra de tempos felizes. Ainda não sei se ela floresce uma vez no ano por vaidade ou por outro motivo, ainda estou tentando descobrir. (Letícia Figueiredo)

Foto: Woshingtom D'Anunciação

Foi em uma primavera qualquer que nasci. Minha semente foi selecionada igualmente a de todos que estavam lá. E eu, ingênua, achei que fosse especial. Achei que todos fôssemos. Naquela floreira, se é que posso chamar assim, cresci aprendendo todos os dogmas sociais. Afinal uma flor "deve ser" delicada, elegante e graciosa. Sempre me doei muito e quando amei não foi diferente. A desilusão e a perda do meu amor me fez enxergar como realmente é a vida de uma flor. Não vivemos para nós mesmas. Estamos sempre morrendo em prol de fins medicinais, ou talvez, sendo rechaçadas como enfeites. Usadas para divertir quem brinca, nos reduzimos ao bem me quer, mal me quer. Nosso mundo é uma piada, onde brincar de ser feliz não existe e servir amargamente é lei. Sinto muito, mas aqui só existe dor, pois o amor eu já perdi a muito tempo nesse cativeiro. (Victor Satti)

Hoje o dia começou num ritmo mais agradável, até por que eu existo e isso já é agradável para o dia. O sol nasceu tão sorridente para mim que o meu brilho quase baixou, não baixou porque eu não deixei... Eu não gosto, de jeito nenhum, de acordar com barulho, todo santo dia é uma discussão entre cravo e rosa, mas também não entendo o porquê que no fim do dia se juntam de novo e é sempre aquela melosidade, beijos e mais beijos, ora, beija a si mesmo, não existe melhor coisa que se auto admirar. Insisto em dizer que faço parte do grupo da elegância sublime, aquela cidade é muito insana, ninguém se gosta como eu me amo, costumo dizer que ver beleza nas coisas simples não é o ideal, eu não sou simples e sou belo... Acredita que ainda não vi a beleza que tenho? Sei que sou, mas ainda não me vi, dizem que sou uma flor egocêntrica, não acho isso, são invejosos! É isso, invejosos! (Jamerson Soares)

Foto: Woshingtom D'Anunciação

Contamos com todos, com boas vibrações ou assistindo nosso espetáculo: Adeus, Clarice!



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