I Don't Want To Lose You
(Eu Não Quero Te Perder)
Foto: Nyrium |
"Flores, por onde fores, deixem que os amores te cubram
de cuidados e não que maltratem as tuas raízes" já dizia um poeta
encabulado com o amor quase perdido. É, talvez, a sensação de inquietude que
impera da parte de quem se doa demais, quando não é correspondido da mesma
maneira. A pele é doada: é como se eu tirasse a minha própria carne e
absorvesse o espírito incontrolável do outro ser. É um encaixe maldito e ao
mesmo tempo vibrante. A alma cruza com a outra em um transe quase
esquizofrênico. Não estou falando apenas da faísca entre corpos, mas sim, da
euforia em que as almas se encontram ao serem conectadas.
Foto: Nyrium |
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Mas que amor é esse que me permite esperar tanto do outro, criar um mar de expectativas e, no primeiro alçar de velas, deixa afundar o meu coração? É isso! É a criação de várias hipóteses nulas, vagas, sem sentido e é como se já fôssemos programados a pensar subitamente no que vai dar toda essa relação. O fim antecede o começo no pensamento, mesmo que inconscientemente, e, quando paramos para perceber, a despedida consegue ser mais sentida, mais dolorosa e mais profunda do que o amor propriamente dito. O que eu vejo é incerto. Sou míope de mim mesmo. Prefiro ver tudo com os olhos do inconsciente, aquele que vagueia em meu caminho como um fantasma. Um fantasma não, um corpo em forma de nada. Isso! O amor é um corpo em forma de nada, que, com a vida em constante aperfeiçoamento, vai sendo moldado até gerar um grande monumento que pesa em nossas costas.
Foto: Nyrium |
Eu não
aceito a realidade comandando os meus sentimentos. Eu nunca aceitei. Nem eu comando a mim mesmo, imagina outra
coisa, logo essa coisa que corrói um peito em conflito... E, justamente por
causa disso, que me tornei a pessoa mais desagradável que existe, porque minha
intensidade não tem limite. Doo-me demais e acabo me doendo, esquecendo que o
sufoco acaba matando a pureza do sentir e depositando em ti todo o meu ego. Na
verdade, nem percebo que sufoco. Eu não quero te perder e sabe de uma coisa: eu
não sei o que faria se toda essa história se despedaçasse como uma folha seca
quando pisada; se toda essa vida criada juntos fosse acabada de um modo tão cru. Espero que seja um adeus infindo...
Porque só assim não sofrerei com a distância. Mas olha, um adeus é um ato tão
pesado e para sempre... eu não sobreviveria ao eterno desprazer de achar
significado para esse ato. Pensei que o para sempre só existia no amor.
Foto: Nyrium |
Não estou sendo um amante com um alter ego em conflito,
apenas não quero perder a memória do nosso primeiro beijo, que, ardentemente, arrancou-me o ser inóspito de mim e resgatou o sublime encanto que eu perdera em
minhas vazias experiências. A verdade é que quero tudo ao mesmo tempo e rápido
demais, o inteiro me satisfaz e acabo perdendo a paz. Há uma confusão bicando
como um monte de pássaros dentro de mim, quero alçar voo, mas junto de quem eu
me apeguei, obviamente você. Custa se ausentar logo agora que a minha vida está
sendo retomada ao teu lado? Eu finquei as minhas raízes na tua terra de vida, o
clima árido atingiu o teu momento e lá se foi o crescimento do sentir. Sentir é
preciso e só sinto quando me toca, se não toca, deixo ir. Talvez seja isso:
deixar ir o que não produziu absolutamente nada em vida.
Foto: Nyrium |
Não quero te perder. Mas se o nosso destino é jogar ao vento a eternidade que passei nos palcos do teu coração, que seja, eu vou respeitar essa escolha. Até porque o momento é feito de escolhas, que podem trazer ou não graves consequências. Ou uma sequência de uma nova história. Só quero entender o que você sentia ao me sentir... Era difícil como o mundo? Mas você era o meu mundo e ainda é, destruí o meu próprio universo para me alinhar aos teus planetas. Não sei, é tudo muito confuso, ilógico, inconstante. Nós somos seres incertos. O tempo é incerto e corre feito o homem com medo da morte. Ainda não quero te perder! Por enquanto, estarei aqui, só, dançando com os ventos a dança da ausência, espero que leves algo meu em teu peito; vou me ausentar de mim mesmo, vou deixar que flua constantemente e farei de tudo para que essa dor não se alastre em minhas veias. Bem, acho que já te perdi.
Texto: Jamerson Soares
Interlocução: Anderson Vieira
Fotos: Nyrium
Interlocução: Anderson Vieira
Fotos: Nyrium
Revisão: Maiara Padilha
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Essa postagem é dedicada a todos que já perderam algo ou
alguém, e que sentiram falta disso. As fotos são do espetáculo "Adeus, Clarice!" apresentado nos dias 05 e 06 de agosto de 2016, no Teatro de Arena. Abaixo, mais fotos de uma despedida obscura que não merece ser esquecida.
Tradução em inglês no fim da postagem.
(English translation at the end of the post).
Foto: Nyrium |
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Text: Jamerson Soares
Interlocution: Anderson Vieira
Translation: Sofia Padilha
Review: Maiara Padilha Photos: Nyrium
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