O PÃO NOSSO DE CADA DIA


Dia a dia de marisqueiros da Lagoa Mundaú é tema de websérie criada por grupo alagoano de artistas*

Texto: Divulgação/Jamerson Soares

O dia a dia dos marisqueiros da Lagoa Mundaú durante a pandemia do novo Coronavírus virou tema de uma websérie produzida pelo grupo alagoano de artistas, Claricena. Com o nome “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe”, a websérie foi criada em tributo aos 100 anos de Clarice Lispector e mostra a relação entre os textos da escritora e os moradores e trabalhadores da região da Lagoa.

Nesta quarta-feira (10), o grupo exibe o terceiro episódio da série “O pão nosso de cada dia”. A exibição é gratuita e está marcada para 20h, no perfil do Instagram do Claricena (@grupoclaricena).

Para o terceiro episódio, que tem como base o livro “Um sopro de vida” (1978), da escritora Clarice Lispector, os artistas decidiram relacionar a produção do sururu, as histórias de pessoas que vivem na periferia, com o corpo de uma dançarina e atriz em busca do sentir.

O objetivo principal do capítulo, para a intérprete Cleci Nascimento, foi mostrar a vivência nas periferias e dar ênfase na resistência dos moradores e trabalhadores que enfrentam muitas privações no cotidiano durante a pandemia.

Cleci disse ainda que toda a criação foi baseada nas conversas com os marisqueiros da região, além da participação de sua mãe, que tem envolvimento no trabalho com o sururu, e no registro do trabalho dessas pessoas.

“O que considero mais significativo foi a oportunidade de ir pra Lagoa Mundaú, conversar com os marisqueiros e marisqueiras, registrar todo o processo de trabalho deles, conhecer de perto a realidade dessas pessoas que, desde a infância, eu tenho uma relação de afeto, um carinho muito grande. A sala da minha casa se tornou cenário, o quintal que se tornou cenário, e utilizei o que se tinha. As possibilidades que existiam por mim eram ignoradas, eu não as enxergava como elementos cênicos. O fato de eu registrar todas as cenas através da câmera do meu celular. Nunca tinha passado por uma experiência como essa”, contou a intérprete.




O grupo Claricena foi criado em Maceió pelo ator e diretor, Anderson Vieira. Ele é de Pernambuco, mas já morou na capital alagoana para estudar artes cênicas.

Vieira contou que o maior desafio foi conectar a dança de um corpo em isolamento social, com o texto de Clarice Lispector e a sobrevivência dos marisqueiros da Lagoa Mundaú.

“Além do encanto pela proposta que a intérprete nos trouxe, investigamos narrativas do livro Um Sopro de Vida, um livro póstumo de Clarice Lispector. A intérprete do vídeo tem uma prática com a arte do movimento, da dança, e pensar no desafio da dança registrada em um momento de isolamento social por vídeo, e a conexão com a sobrevivência da comunidade local com a produção do sururu para comercialização e consumo me desafiou a ‘costurar’ este episódio”, disse ele.

A websérie “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe” foi lançada no dia 10 de dezembro de 2020 e é o primeiro trabalho audiovisual do grupo, que já participou de diversos festivais, mostras, apresentações privadas com a criação de 5 espetáculos na carreira, ”Espectro”, A granja dos corações Amargurados”, “A Descoberta de Um”, “Adeus, Clarice” e “TEMOS FOME”.

*Sites de divulgação (click no site para ir a matéria):









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