"Agora as trevas vão se dissipando.
Nasci.
Você que me lê que me ajude a nascer.
Sou um coração batendo no mundo.
Maravilhoso escândalo: nasço."
(Água Viva - Clarice Lispector)
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| Foto: Nivaldo Vasconcelos |
Estamos procurando um caminho que ainda nos parece bastante estranho, diferente e dançante. Entramos nessa dança sem saber por onde começa o movimento e com a certeza de que ela nunca terá fim. Aproveitamos todos os segundos de música, como se quele fosse o último momento em que fossemos ouvir som. "Não estamos cansados, nossos pés jamais foram lavados. Grasnando a esta próxima diversão, viemos sofrer o que tem que ser sofrido, nós que ainda não fomos tocados, nós que ainda não somos menino e menina. Eis-nos nas malhas da tragédia verdadeira (A Pecadora Queimada e os Anjos Harmoniosos - Clarice Lispector)".
Prosseguimos investigando tudo que de angelical e celestial nos traz o texto teatral da Clarice. Uma tragédia obtentora de um "coro de anjos" que por nós está sendo investigado e devorado. Todas as possibilidades de voarmos sem asas, de tocarmos no divino sem usar o tato, de enxergar um Deus sem abrir os olhos. Tudo isso a Clarice tem nos possibilitado.
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Marcações no espaço, onde o grupo um a um se coloca, em uma marca no espaço e se trabalha o tempo, o seu lugar no espaço, lugar a transitar no espaço. (Rayane Wise)
Uma obra fotomágica
No encontro do dia 31 de maio de 2014 tivemos a honra de recebermos a visita de Nilvaldo Vasconcelos, fotografo e cineasta alagoano. Nivaldo nos possibilitou um olhar sobre o olhar, pudemos dar forma a forma.
Torna-se muito notável quando a fotografia é apenas um imagem estática, que servirá como registro, e quando uma fotografia torna-se uma obra artística que transcende o que o ser humano veria a olho nu.
"Não se pode dar a prova da existência do que é mais verdadeiro". Desculpe Clarice mas desta vez terei que discordar de ti. Pode-se sim dar a prova do que é mais verdadeiro, o jeito é fotografar, fotografar sonhando, que foi o que fez Nivaldo Vasconcelos no sexto encontro do Claricena.
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Vamos Pensar Um Pouco: Início, Meio e Fim (Nascimento, Vida e Morte)
Diário de Bordo
Como registrar o irregistrável?
O que nasce de dentro para trazer o movimento?
Como capturá-lo?
Registro em Protesto.
(Nivaldo Vasconcelos)
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Começo -> Recomeço de tudo!
Meio -> Hora, momento em que existem as condições para realizar o que precisa ser feito, transformar o que precisa ser transformado.
Fim -> é o tempo,o anônimo, a pausa para um novo começo.
(Jailson Natividade)
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Ao nascer a mãe da gente, espera que nossa vida seja tranquila, quando crescemos tudo pode acontecer e do nada ou por causa da doença a gente morre.
(Ednar Jordam)
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(Mare Gomes)
Vamos Pensar Um Pouco: Anjos Invisíveis - Anjos Nascendo - Anjos Nascidos
O texto teatral de Clarice Lispector traz um coro de anjos que passam por três estágios: Invisíveis, Nascendo e Nascidos. Sem o contato apenas com o texto, e procurando compreendê-lo do corpo por inteiro os Clariceados "Pensaram" sobre o que seriam esses anjos dentro da realidade de cada um, ultrapassando os limites do texto.
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(Nathaly Pereira)
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Estão aqui, agora, falando ao pé do ouvido, afastando os maus pensamentos, as más intenções. Acalmando o coração, afastando os anjos maus. Começo de um processo de evolução, de transformação. É a hora da mudança. Viagem. Vida. Começo. Ganhamos forma humana, carnal. Alguém com o coração de anjo, mas sem trajes ou tarefas angelicais. Um filho.
(Bruno Leon)
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Os anjos invisíveis podem ser anergias que radiam luzes da paz, e um dia viram almas ao entrar em corpos nascendo. (Diogo Honorato)
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Feixes de luz que nos rodeiam e nos guardam até que gire o ciclo e esses feixes de luz passe por uma transição em que as posições se invertem e sejam agra eles os protegidos e observados por outros feixes de luz. (Meire Benuche)
Partituras Corporais (Ações físicas)
"Para nascer as coisas precisam ter
vida, pois nascer é um movimento (O Lustre - Clarice Lispector)". É partindo de respostas corporais, através do estímulo que o texto A Pecadora Queimada e os Anjos Harmoniosos nos traz, que estamos criando frases corporais, uma sequencia de movimentos, que pouco a pouco vem se transformando em uma "dança pessoal" (Burnier, 2009).
Registros por escritos da dança pessoal:
Partitura Nasci:
Passos flutuando, marcando o espaço. Voando sorridente e (feliz) em círculo.
(Rozebel Tenório)
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Sou um coração batendo no mundo:
Para compor minha partitura eu imaginei três movimentos: Como se eu estivesse em harmonia comigo mesma, como se eu fosse um anjo acido que morresse por um momento e depois renasceria bem mais forte.
Escolhi o titulo: Sou um coração batendo no mundo porque apesar do anjo está caído, o coração ainda existia muita esperança, e o mais importante, ali ainda existia uma vida, pois viver é o que importa.
(Mare Gomes)
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Maravilhoso escândalo: nasço
Eu comecei fazendo o movimento Reflexo, depois eu fiz um movimento com os braços aberto e as pernas, as mãos mexendo como ondas e daí eu fiz um movimento como alguma coisa que me sugasse, deitei movi os joelhos e acabei.
(João Tenório)
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Partitura Corporal após leitura do texto:
("Agora as trevas vão se dissipando"
Água Viva, pg 37)
- Pé direito aumenta até a ponta;
- Pé esquerdo aumenta até ficar na ponta;
2x cada pé:
- Mãos vão se levantando, formando uma asa, talvez uma garra quando chega no alto.
Cai sentado:
- Rola p/ direita,
- Levanta com coluna e mãos p/ o chão
- Mão direita aponta p/ a direita
- Mão esquerda desliza até o encontro c/ a direita:
- Mão direita vai p/ a esquerda;
- Mão vai p/ cima;
- Para baixo (movimento de seta);
- Para frente;
- Braços se abrem espalhando energia pelo ar;
- Braços voltam a posição neutra.
(Bruno Alves)
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Você que me lê que me ajude a nascer.
1 - Velocidade diminuindo e aumentando
2- Quedas no chão
3 - Muita força
(Antônio Tenório)
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Por fim, prosseguiremos "cegos em uma estrada que antecede passos".
Antes que eu me esqueça, quem escreve neste blogger é "Anderson Vieira". Por enquanto eu falo de um lugar quase invisível, "Você que me lê, que me ajude a nascer".
Até a próxima...
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